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Vácuo envasado

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Este, recebendo-as das mãos deles, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro de metal fundido. Então disseram: “São estes, ó Israel, os seus deuses, que tiraram você da terra do Egito.” Êxodo 32:4

Os israelitas tinham sido libertados da escravidão egípcia, da servidão a deuses excêntricos e da construção de templos.

Tinham atravessado o mar e visto como o melhor exército do mundo pereceu sob as águas. Tinham desfrutado da coluna de nuvem que refrescava durante o dia e da coluna de fogo que aquecia durante a noite. Testemunharam maravilhas e, mesmo assim, poucos dias depois, puseram-se a fabricar imagens de metal. Comoisso pôde acontecer? Tenho uma resposta para essa incoerência. O escritor uruguaio Eduardo Galeano afirma: “Estamos em plena cultura do envasamento. O contrato matrimonial importa mais do que o amor; o funeral, mais do que o morto; a roupa, mais do que o corpo; e a missa, mais do que Deus.” No tempo do Êxodo, os israelitas também davam maior importância às formas religiosas do que à própria religião. Preferiam o tangível – embora ficassem submissos a ele – em vez de o pessoal, que os libertava. O pior é que vivemos – e talvez sempre tenha sido assim – em uma sociedade semelhante. Muitos preferem a embalagem da religião à própria religião.

É por isso que preferem a experiência momentânea em vez da relação com Deus; a forma em vez do conteúdo. É mais fácil se curvar perante a estátua de um bezerrodo que ter uma conversa franca com o Criador. É mais fácil ouvir um sermão do que dialogar com Deus.

As formas não valem muito semum conteúdo.

Imagine receber um presente embrulhado com a mais refinada técnica de embalagem, o furoshiki, e, ao abrir o pacote, você encontra… nada! Por mais que argumentassem que haviam empregado a técnica japonesa mais elegante, você continuaria reclamando que no pacote não há nada. De certa maneira, talvez seja assim que Deus Se sente quando só apresentamos a Ele a embalagem de nossa vida enquanto nosso coração está nas mãos de outros ídolos, estrelas e celebridades. Proponho, portanto, que você dê mais importância ao amor, às pessoas e, claro, a Deus. Uma embalagem pode ser descartada; o amor, não.

Uma embalagem pode ser reutilizada; Deus, jamais.

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