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O sigilo intensificou minhas expectativas do evento.
Dois meses haviam se passado desde que eu havia recebido pelo correio as informações da festa. Um mês mais tarde, um convite foi entregue em nosso endereço rural em uma pequena caixa, e eu mal podia esperar para abri-la! Dentro daquela caixa branca havia outra caixa, rosa, embrulhada com uma fita acetinada cor-de-rosa, e almofadada por uma nuvem de papel seda roseado e listrado com glitter.
O tema rosa e prata continuou no convite de confirmação de presença, que chegou amarrado com uma fita prata decorada com strass transparente e cintilante.
Ele continha instruções específicas sobre o que vestir e o transporte, o qual seria providenciado, ao local secreto da festa.
Assim, concentrei meus esforços em selecionar um presente e uma roupa especial. Durante as semanas seguintes, coloquei o embrulho e a fita do presente à vista.
O presente, os acessórios e os embrulhos logo transbordavam da cadeira. Ao passar por eles, eu pausava e mentalmente visualizava o resultado.
Ficaria maravilhoso – eu estava satisfeita com minha criatividade.
Ao me preparar para dormir cedo na véspera das festividades, pensei em embrulhar o presente, mas concluí que eu faria um melhor trabalho na manhã seguinte.
A expectativa de passar tempo com um grupo de amigas me despertou cedo e, tranquilamente, fui preparar o desjejum para meu esposo.
Era o Dia dos Pais, e eu queria mostrar minha gratidão por mais um ano satisfatório e alegre. Em consideração aos outros “pais” em minha vida – dois filhos adultos e meu pai – decidi postar fotos e alguns comentários inteligentes em uma certa página popular das redes sociais. Eu sabia que precisava de bastante tempo e o relógio continuava de bem comigo, mas eu acabei sendo apanhada na rede – a da internet... Enquanto eu publicava minha postagem, meu olhar pairou sobre “o presente”! Agora eu só tinha uma hora para embrulhá-lo e me arrumar para a festa. Obstinadamente, eu estava determinada que ele seria um tributo digno, e fiquei impressionada com os resultados. Aceitei os parabéns do meu esposo, a despeito de suas sobrancelhas erguidas. Ele sugeriu que eu estar presente no evento era mais importante do que um presente elegantemente embrulhado. Minha irritação foi disfarçada precariamente com um rápido aceno de cabeça enquanto eu corria para o banho e orava para que conseguisse chegar em tempo. Uma distração espiritual pode atrapalhar e reduzir nosso progresso.
Oremos por livramento das correntes que parecem nos prender às coisas que um dia serão meras cinzas ao chão.
Marea I. Ford