MÃOS

Lá estavam José e Maria na entrada do templo.

O pequeno Jesus havia completado 40 dias de vida e seria apresentado a Deus. A dedicação dos primogênitos de Israel havia se tornado uma cerimônia corriqueira nos dias de Cristo. Embora esperassem o Messias prometido, os sacerdotes não davam muita atenção às diversas crianças apresentadas diariamente, a menos que os pais parecessem ricos e nobres. Mas esse não era o caso dos pais de Jesus. José e Maria chegaram a pé, trajados à moda galileia, com as roupas mais simples. Sem honra, sem pompa, sem anúncio.

E, se a aparência não os recomendava, sua oferta menos ainda: duas avezinhas, o sacrifício dos pobres. Em um gesto frio, o sacerdote tomou o Menino nos braços, ergueu-O ao céu e secamente O devolveu à mãe. Em seguida, anotou o Seu nome no livro dos primogênitos de Israel. Mal sabia que aquele nome carregava a sentença de morte do pequeno.

O nome Jesus quer dizer “o Senhor salva”, e isso Ele fez morrendo. Aquele nome era o remédio para a humanidade perdida.

As cortinas estavam quase se fechando quando outro personagem quebrou o roteiro previsível daquele dia. Seu nome era Simeão. Homem temente a Deus, ele havia recebido uma revelação especial: seus olhos veriam o Salvador! O idoso percebeu o brilho especial da Criança e, tomando-A nos braços, louvou a Deus.

Não posso deixar de notar o contraste que grita na cena: era o mesmo templo, o mesmo dia, a mesma Criança, mas as mãos eram diferentes.

Para o sacerdote, Jesus era só mais um dos muitos primogênitos de Israel.

Mas, para Simeão, Ele era o Messias escolhido de Deus, o Primogênito do Céu. Tive que pensar sobre isso. Deus nos visita diariamente com uma multidão de bênçãos.

Elas não se tornam mais especiais pelas mãos que as concedem, mas pelas mãos que as recebem. Como você reage aos pequenos presentes que Deus coloca em sua vida? Você tem o hábito de contar as bênçãos? Gratidão não acontece quando recebemos algo extraordinário de Deus. Gratidão acontece quando prestamos atenção no que já temos nas mãos.

Aos que esperavam um príncipe guerreiro, Deus entregou um Bebê indefeso. A quem desejava a vitória em um trono, Deus demonstrou como se vence em uma cruz.

O que você tem nas mãos hoje? Perceba e louve.