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O momento era de imensa tristeza.
Enquanto Jesus Se despedia, os discípulos não entendiam o que estava acontecendo. Era ceia de Páscoa, e essa ocasião deveria ser de alegria, não de sofrimento.
A semana anterior havia sido uma coleção de desapontamentos.
Cinco dias antes, os discípulos organizaram a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, esperando que Ele Se proclamasse rei dos judeus e expulsasse os romanos, a família de Herodes e a corja do templo. No entanto, nada aconteceu.
E agora, para piorar, Jesus reuniu os discípulos e começou a falar sobre dor, crucifixão e morte. Qual seria o propósito? Brincar com os sentimentos e as esperanças daqueles que permaneceram ao Seu lado? Claro que não. As palavras de Jesus em João 14 refletem o jeito carinhoso de um noivo ao falar com sua amada no momento do compromisso.
Naquele tempo, quando um rapaz se comprometia a se casar com uma moça, ele prometia, perante testemunhas, se ausentar para conseguir o dinheiro do dote e construir uma morada para ambos na casa de seu pai. Esse ato era selado com um Ketubá, um documento firmado para garantir o cumprimento da promessa e o sustento da noiva.
Hoje, chamaríamos isso de acordo pré-nupcial. Como a filha era considerada uma joia preciosa, o rapaz precisava provar que era digno da moça, “indenizando” o pai por tirá-la de casa e dando provas de que cuidaria dela. Até hoje, em países como Egito e Jordânia, é comum ver prédios “familiares” ou casas geminadas de quintal único, onde cada anexo foi feito por um dos filhos. É nesse local, na “casa do pai”, que o noivo morará com sua esposa, após pagar o dote exigido pelo pai dela. Embora possa parecer estranho em nossa cultura, essa prática ainda é comum no Oriente Médio. Esse era o contexto das palavras de Cristo.
Os discípulos não sabiam, mas Sua morte seria o preço a ser pago para desposar a igreja. Somente após isso e após construir uma morada na casa do Pai é que Ele, como um noivo, voltaria para buscá-los. João certamente se lembrou disso quando, em Patmos, ouviu o coro celestial cantando: “Alegremo-nos, [...] porque chegou a hora das bodas do Cordeiro, e a noiva Dele já se preparou” (Ap 19:7). Você está se preparando para esse encontro?