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Rejeitando com Classe

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Daniel resolveu não se contaminar com as finas iguarias do rei. Daniel 1:8

É comum elogiarmos a postura de Daniel.

Contudo, alguém poderia questionar: “Qual seria o problema de comer o que era servido à mesa do rei? Deus não os puniria só por causa de um cardápio. Comer seria até melhor, pois demonstraria aceitação da cultura.” Esse é o pensamento moderno, destituído de uma percepção real do que estaria por trás da “concessão” de princípios.

Não era apenas uma questão de saúde.

Não que a busca por uma vida saudável não interessasse a Daniel, mas o que estava em jogo era muito maior do que uma dieta naturalista.

Tratava-se da fidelidade a Deus. Algumas versões traduzem como “propôs no seu coração” não se contaminar, outras trazem “resolveu em seu coração”.

Curiosamente, o texto hebraico utiliza o mesmo verbo para se referir tanto à resolução de Daniel quanto ao ato do chefe dos eunucos de dar novos nomes a ele e aos seus companheiros. Talvez haja algo embutido aqui. O texto mostra como eles responderam à tentativa de serem assimilados pela cultura babilônica. Para preservar sua identidade, eles não podiam ceder à dieta do rei. Pediram apenas vegetais e água. Por quê? No relato da criação, é Deus quem “põe” o ser humano no jardim do Éden (Gn 2:8). O verbo hebraico é o mesmo usado em Daniel. Também é Deus quem determina a dieta de Adão e Eva, de modo que o pedido de Daniel 1:12, “dê-nos legumes para comer e água para beber”, traz praticamente a mesma dieta do Éden. O termo hebraico traduzido por “vegetais” em Daniel 1:12 refere-se a qualquer tipo de alimento cultivado a partir de sementes. É a mesma palavra que está no contexto de Gênesis 1:29.

A atitude dos jovens hebreus era semelhante à de artistas que incluem um protesto subliminar em suas obras. Era como se dissessem: “Nosso Dono não é o rei, nosso lugar não é Babilônia. Pertencemos ao Éden, servimos a Deus.”

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