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O versículo de hoje apresenta um paradoxo em relação a Paulo.
Intelectual como poucos, chega a ser estranho que ele tenha desistido de utilizar argumentos filosóficos em Corinto, considerando seu domínio sobre os autores gregos e romanos. Antes de chegar lá, ele pregou em Atenas e dialogou com filósofos.
Por estar em um ambiente intelectual, Paulo procurou debater lógica com lógica. Isso, por si só, não era um erro, mas na dosagem inadequada, poderia tornar o evangelho um mero apêndice de temas mais eloquentes. No entanto, algo não estava certo.
As argumentações intelectuais deveriam ser um meio para apresentar Cristo e não para eclipsá-Lo. Talvez por isso, poucos tenham se convertido naquela ocasião.
Existe um perigo em endeusar o conhecimento, mesmo o conhecimento teológico, ao ponto de tornar Jesus uma nota desnecessária. Racionalismo e intelectualismo radicais podem se transformar em comportamentos doentios, mesmo dentro das igrejas.
Há quem transforme suas ideias em teorias obsessivas e monopolizadoras, que não dão espaço para outros assuntos ou convivência social.
O que era um saudável exercício das faculdades mentais torna-se um desejo insaciável de acumular conhecimento não para servir ao próximo, mas para se mostrar superior a ele. Aqueles que seguem por esse caminho acabam explicando o inexplicável, racionalizando o irracional e desprezando tudo o que não passa pelo crivo do seu preconceito. Tornam-se intelectuais doentes que há muito perderam o contato com a realidade.
Se você aprecia o estudo, aprenda esta lição da universidade: para um calouro, aves são só aves. Para um graduado, são animais vertebrados que se destacam pela presença de penas. Para um especialista, são psitaciformes.
E para um sábio, que passou por todas as fases, elas voltam a ser apenas aves, com simplicidade e beleza, revelando o cuidado de Deus.
Não desprezo o conhecimento, mas se intelectualismo fosse sinônimo de fé, Deus seria adorado em bibliotecas e não em templos. Pense nisso.