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Em 1806, a cidade de Leeds, na Inglaterra, foi palco de uma situação inusitada: a população passou a acreditar que o mundo acabaria naquele ano.
Sabe qual foi a fonte dessa crença? Uma galinha profetisa. Um cidadão ardiloso afirmava possuir uma galinha especial que botava ovos proféticos, nos quais estavam escritas frases como “Jesus está voltando” e “o mundo vai acabar”.
É claro que tudo não passava de uma farsa.
O próprio dono do animal escrevia as mensagens nos ovos e os inseria na pobre galinha, fazendo parecer que ela os punha de forma espontânea.
Até ser desmascarado, ele ganhou um bom dinheiro às custas da ingenuidade das pessoas. O caso pode parecer engraçado, mas é sério.
Tanto é que praticamente todas as alusões bíblicas ao fim dos tempos estão repletas de advertências quanto aos enganos futuros.
“Amados, não deem crédito a qualquer espírito, mas provem os espíritos para ver se procedem de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído mundo afora” (1Jo 4:1). Em Seu sermão profético, Jesus disse: “Tenham cuidado para que ninguém os engane” (Mt 24:4). O próprio Deus, embora não precise dar satisfação a ninguém, submeteSe ao crivo das evidências. Ele diz: “Ponham-Me à prova nisto” (Ml 3:10) ou “provem e vejam que o Senhor é bom” (Sl 34:8). Aqui, o verbo “provar” significa experimentar com os sentidos físicos e com a razão, como degustar o sabor de um alimento. Por mais paradoxal que seja, o conselho bíblico é duvidar antes de crer. Não duvidar no sentido de perder a fé, mas de por à prova o que procede ou não de Deus. “Sejam prudentes como as serpentes”, disse Jesus, “e simples como as pombas” (Mt 10:16). Mas, qual é o significado disso? Na cultura da época de Jesus, as cobras simbolizavam astúcia e precaução, enquanto as pombas representavam a inocência que age apesar dos perigos naturais. As pombas não deixam de pousar só porque existem predadores aqui embaixo.
O que Jesus disse é que devemos exercer nossa fé com cautela, para não sermos presas dos falsos mestres, mas sem deixar de agir por causa deles.
Esse equilíbrio é crucial para o tempo em que vivemos.