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A mensagem bíblica da salvação é um paradoxo.
Por um lado, vemos exemplos como Noé, Jó, Daniel e o rei Asa, reconhecidos como homens justos diante de Deus (Gn 6:9; Jó 1:8; Ez 14:20; 1Rs 15:14).
Por outro lado, encontramos a declaração paulina: “Não há justo, nem um sequer” (Rm 3:10). Se ficássemos apenas com o contexto dos Salmos 14 e 53 que Paulo cita, poderíamos entender que a negativa “não há quem faça o bem” seria uma hipérbole.
A nação de Israel estava tão corrompida que parecia não haver nenhum judeu piedoso. Essa declaração seria semelhante à ironia de Diógenes, que andava por Atenas com uma lanterna acesa durante o dia à procura de um homem justo.
Ao se apropriar deste jogo de palavras “não há quem faça o bem”, Paulo não queria provar se havia poucos ou nenhum piedoso na Terra, mas sim demonstrar a impossibilidade humana de se justificar pelas obras que pratica. Nesse sentido, tanto sua fala quanto a do salmista indicam que, em nosso estado natural, todos nós, sem exceção, carecemos de uma justiça que não possuímos. Não há o que possamos fazer por nós mesmos; precisamos da justiça de Cristo. Sendo assim, em que sentido Noé, Jó, Daniel e Asa foram justos? No sentido de aceitarem a justiça que Deus lhes conferia. O salmista clamou: “Livra-me por Tua justiça” (Sl 71:2).
Na prática, o que se deve fazer é aceitar a Cristo como salvador pessoal e instantaneamente a justiça que pertence a Ele pertencerá ao pecador justificado. Simples assim. Os que viveram antes do nascimento de Cristo aceitavam o Salvador que haveria de vir, e nós, que vivemos hoje, aceitamos Aquele que veio e em breve voltará.
A justificação como ato instantâneo é o movimento de Deus em tirar o pecador da lama. Em seguida, vem a santificação, na qual Deus gradualmente remove a lama do pecador. Esse processo é uma obra diária, contínua, e dura toda a vida, culminando apenas na glorificação, que ocorrerá quando Jesus voltar. Naquele dia, Ele transformará nosso corpo fraco e mortal para que fique igual ao Seu próprio corpo glorioso (Fp 3:20, 21).
Promessa melhor não há.