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A pequena visitante ficou de lado na entrada da igreja.
Ela olhou hesitante para as outras meninas, rindo e conversando.
Era evidente que ela estava acostumada a ficar fora do círculo.
Estava vestida com o que parecia ser uma velha roupa de festa, que estava desbotada e com a renda rasgada. Eu sabia o que significava usar roupas desbotadas de segunda mão e, às vezes, manchadas, que haviam pertencido aos meus primos mais ricos.
Meu coração se condoeu por essa menina carente. Nunca esqueci como me senti no dia em que ouvi duas tias discutindo sobre mim, sem perceber que eu estava ouvindo: “Ela é uma criança tão esperta, é uma pena que seja tão feinha.” Levei anos para perceber que eu não podia deixar que os outros definissem quem eu era. A pequena visitante de nossa igreja também não era feia. Era apenas tímida e estava com medo de não ser aceita pelos outros.
Quando comecei a dar um passo à frente para conversar com aquela tímida criança, que ainda olhava melancolicamente para as outras meninas, uma das mulheres mais expansivas da igreja entrou no saguão e se dirigiu a ela. (Como eu já havia sido alvo de algumas palavras ofensivas dessa Senhora, estremeci quando ela se aproximou da criança, com medo de que ela pudesse fazer a pequena se sentir ainda mais deslocada.) “Ei, quem é você?”, a Senhora perguntou. A resposta da criança foi quase sussurrada.
Aquela Senhora se abaixou e disse em voz mais alta: “Olha, você é muito bonitinha!” A criança olhou para o rosto da mulher e sorriu.
Ela não era apenas “muito bonitinha”, de repente, ela se sentia totalmente linda. As meninas que estavam conversando na porta se aproximaram da recém-chegada, se apresentaram e a pegaram pela mão para que se juntasse ao grupo.
Palavras gentis de uma mulher, que às vezes dizia palavras ofensivas, trouxeram alegria! Nunca sabemos que mudança podemos fazer com algumas palavras de amor na vida de outra pessoa, especialmente de uma criança.
Todos os dias temos a oportunidade de dizer algumas palavras gentis a um completo estranho, talvez alguém na fila atrás de nós no correio, ou alguém com um olhar aflito procurando um item em uma loja, ou ainda alguém que não seja um estranho, mas que precise de uma palavra amorosa para fazer diferença no seu dia.
Ouça a suave e calma Voz interior, transmitindo as palavras certas para dizer, ou talvez apenas um sorriso e um tapinha no ombro. Isso pode mudar uma vida!
Teresa A. Sales