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Como cristãos, em algum momento na vida fomos atingidos pela ideia de que a experiência religiosa é um caminho que dá acesso a alguns tipos de garantias.
Há quem pense que, se andarmos com Jesus, mesmo que percamos coisas aqui na Terra, de alguma forma seremos recompensados no fim, como aconteceu com Jó.
Assim, um prejuízo financeiro, uma oportunidade perdida e um relacionamento desfeito certamente serão substituídos por outras coisas melhores.
Será isso verdade? Um dia desses, alguém me perguntou: “Pastor, Deus restitui tudo que a gente perde?” A minha resposta foi: “Claro que não!” “Mas por que não?”, ela continuou questionando. Compartilho com você a explicação que dei a ela.
Para mim, são três motivos: Primeiro, porque nem tudo o que se perdeu ontem é necessário hoje. A vida segue, e inevitavelmente vamos deixando coisas para trás.
As roupas e os sapatos antigos já não servem mais.
Assim acontece em todas as áreas da vida.
Vamos crescendo, amadurecendo, e a maturidade impõe necessariamente algumas perdas. É preciso seguir a caminhada com a certeza de que adiante existem coisas melhores do que aquelas que deixamos para trás. Em segundo lugar, porque nem tudo o que se perdeu era legitimamente seu. Algumas vezes, a perda é uma expectativa frustrada.
Então esse tipo de “perda” pode ajudar a calibrar nossa percepção da realidade. E por último, porque nem tudo o que se perde é perda.
Perder é questão de perspectiva.
Perder nem sempre é ruim.
Há perdas que são livramentos disfarçados.
Paulo mesmo afirmou que, quando Cristo entrou em sua vida, seu juízo de valor foi alterado. O que antes era considerado ganho passou a ser entendido como prejuízo.
O apóstolo foi capaz de celebrar algumas de suas perdas simplesmente porque elas o ajudaram a perceber o que de fato tinha valor.
Deus é especialista em restituição, mas nunca se esqueça de que Ele também é muito criativo: Ele pode surpreendê-lo com bênçãos inéditas.
Só não perca a fé.