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Uma das ilustrações utilizadas na Bíblia para explicar as realidades do plano da salvação é a imagem de um julgamento.
Salvação é, entre outras coisas, uma declaração de justiça, ou simplesmente justificação. Nesse contexto, todos nós corremos o risco de confundir os papéis.
Deus é o Juiz. Ele é justo em toda sentença.
Jesus é o Advogado que nunca perdeu uma causa sequer.
Os anjos são as testemunhas.
Satanás é o acusador que vive para jogar na cara as falhas e os pecados das pessoas. Eu sou o réu. Infelizmente, há quem se esqueça disso e se sinta no dever de investigar, analisar e expor as faltas alheias. Esquecem-se de que, no grande julgamento da história, todos ocupamos o banco dos réus, e o papel de acusar é só do diabo.
Sempre que formos visitados por esse impulso muito humano, vale a pena lembrar algumas verdades constrangedoras:
1. Em geral, enxergamos nas outras pessoas coisas que são nossas. Portanto, cada acusação carrega em si uma espécie de confissão.
2. Quando acusamos alguém, não definimos quem é aquela pessoa, mas expressamos quem de fato somos.
3. Nossa capacidade de imaginação sobre os outros está relacionada ao nosso repertório de desejos e características. Ou seja, geralmente imaginamos nos outros coisas que somos capazes de fazer.
4. Muitas vezes, nossas críticas mais severas estão relacionadas aos erros que cometemos em segredo. Leia Lucas 15:30 com essa ideia em mente.
Paulo também reforçou esse pensamento quando escreveu: “Pois, naquilo que julga o outro, você está condenando a si mesmo, porque pratica as mesmas coisas que condena” (Rm2:1, NAA). Ser cristão não tem a ver com apontar pecados, mas apontar caminhos. Não é sobre condenar os frutos, é sobre conhecer a árvore.
É ser menos lembrete da sentença e mais ilustração da graça.
Que nossas comunidades sejam conhecidas pelas pedras deixadas no chão e pelos braços abertos para novos começos.