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Conta-se que, séculos atrás, um japonês chamado Ashikaga Yoshimasa quebrou uma tigela de cerâmica por descuido. Como era sua peça predileta, enviou seus pedaços para que fosse consertada por um especialista na China.
Infelizmente, o resultado não foi positivo.
Então Yoshimasa decidiu recorrer aos artesãos de seu país, que restauraram a tigela de um jeito bem diferente. Eles emendaram os pedaços com uma mistura de resina com ouro em pó. Assim, em lugar de esconder as marcas do conserto, fizeram delas uma obra de arte. A técnica ganhou o nome de Kintsugi, que quer dizer “unir com ouro”, e carrega uma mensagem que ultrapassa as fronteiras da beleza estética. Vivemos em uma época em que nada parece ter sido feito para durar. Desde as coisas mais banais, como objetos, roupas e itens de consumo, até as relações mais sagradas – é como se tudo estivesse a ponto de quebrar e ser reposto.
Em tempos de valores líquidos e relações descartáveis, a ilusão do novo destrói nossa identidade e castra nossa afetividade.
Mas há um tipo de beleza escondida nas histórias de conserto, de recomeço, de perdão. A maior de todas essas histórias foi escrita na cruz, a mais grandiosa aula sobre restauração. A sentença de morte foi transformada em vida.
Sangue e lágrimas emendaram os cacos que o pecado fez de todos nós.
O mais bonito de tudo isso será visto quando o Universo inteiro finalmente entender o drama da redenção. Haverá eternamente um par de marcas para nos lembrar que o amor é capaz de consertar todas as coisas.
As marcas nas mãos do Filho de Deus, que denunciam a dor e a morte que Ele escolheu enfrentar, falarão para sempre sobre cura e restauração. Você se sente quebrado? Está carregando os pedaços de uma relação há muito desgastada? Um sonho se desfez bem diante dos seus olhos? Parece não haver solução para o caso? Deposite seus cacos nas mãos feridas do Calvário. Jesus é capaz de restaurar e fazer novas todas as coisas.
Aliás, Ele pode torná-las bem melhores do que eram antes.
Se você se entregar, sua vida pode se tornar uma das obras-primas da graça.